terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Defeitos Ocultos


Serve para que cada pessoa diagnostique um comportamento indesejado em si mesmo e nos demais. Muitas vezes, um filho-de-terra, deixando-se envolver pelo lado negativo das forças que o influenciam, não percebe que a semente que gerou um comportamento indesejado deve ser combatida; deixa-se levar a acreditar que isso faz parte de usa personalidade, como uma característica fixa; porém, se todos percebessem os próprios enganos, teriam condições de mudar para melhor, abandonando seus hábitos negativos.

Certa vez chegou ao terreiro um homem cuja característica era um ar sério, sem qualquer esboço de sorriso. Ele ouvia as explicações do guia sobre sua vida e suas necessidades materiais, como dinheiro ou trabalho e, ao que parecia, iria sair tão calado como chegara, levando, juntamente com a lista dos artigos necessários para sua oferenda, sua fisionomia fechada de sempre. Porém, quando parecia ter chegado o fim da consulta, Pai Mané disse:

“- Agora que você já sabe como combater as suas dificuldades e que já sabe a que orixá pedir e o quê oferecer, chegou a hora de eu colocar um sorriso no seu rosto.”

O homem perguntou:

“- Como assim?”

E Pai Mané Quimbandeiro respondeu:

“- Meu filho, se você olhar para trás e enxergar a sua infância e juventude, verá você mesmo alegre e com gosto para ser líder nas brincadeiras e nos jogos. Se você olhar para trás, verá que sua cara fechada não tem base em sua personalidade, já que antes não era assim. O que pode ter acontecido para você se comportar desse jeito? Será que foi só um fato, ou foram vários casos isolados, que deram motivos para tanta cara fechada?

Você acha que não? Se você se perceber em uma roda de amigos, onde todos o considerem, você estará sorrindo, mostrando a alegria que lhe era peculiar. Sendo assim, eu lhe digo que, sendo você um filho de Xangô e recebendo dele um axé que pode ser interpretado como o de um grande homem ou um rei, estará correndo risco de se condenar ao crédito e ao desamor, já que não tem bens e não sabe lidar da melhor forma com as pessoas que gostaria de comandar e por quem gostaria de ser respeitado.

Desta forma, aquilo que deveria ser positivo torna-se destrutivo, por causa de suas cobranças pessoais. Quando realço as cobranças pessoais, é porque estas é que, muitas vezes despercebidamente, são capazes de o enterrar em um mar de desgosto, já que a cobrança alheia você sabe rechaçar com meia-dúzia de palavras ásperas.
Então, esqueça-se dos outros ou de qualquer coisa que lhe sirva de desculpa para o seu mau humor, e concentre-se em responsabilizar-se por esse comportamento, que tanto diminui a sua imagem externa como a interna. Para pôr um ponto final neste assunto, digo-lhe que, se não conseguir sorrir para a vida, dificilmente ela lhe dará boa graduação evolutiva; e a evolução pessoal é o mais importante motivo da vida que lhe foi dada.”

Acabado o discurso de Pai Mané, o homem já sorria, crente na importância dessa atitude.
A mensagem que fica dessa história é que, quem se enquadrar em uma das tantas manias negativas que caracterizam o comportamento quotidiano das pessoas, nunca deve dizer orgulhosamente: “- Eu sou assim e não vou mudar.” Se nesta terra tudo tem dois lados, duas faces, certamente todos terão condição de inverter qualquer situação.


Texto extraído do livro “Conselhos de Preto-Velho na Umbanda”
Autor: José Luiz de Ogum

domingo, 18 de janeiro de 2009

Mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas


Em 1971, a senhora Lilia Ribeiro, diretora da Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade (TULEF) gravou uma mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, que espelha bem a humildade e o alto grau de evolução dessa entidade de luz:

A umbanda tem progredido e vai progredir ainda mais. É preciso haver sinceridade, honestidade. Eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a umbanda; médiuns irão se vender e serão expulsos mais tarde, como Jesus expulsou os vendilhões do templo. O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher, o consulente homem. É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas casas, fazem com que toque alguma coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração do homem que fala à mãe de terreiro. É preciso haver muita moral para que a umbanda progrida, seja forte e coesa. Umbanda é humildade, amor e caridade – essa é a nossa bandeira. Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na umbanda do Brasil: caboclos de Oxossi, de Ogum, de Xangô. Eu, porém, sou da falange de Oxossi, meu pai, e não vim por acaso, trouxe uma ordem, uma missão.
Meus irmãos, sede humildes, tende amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham trabalhar entre vós. É preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para àqueles que vêm em busca de socorro nas casas de umbanda.
Meus irmãos, meu aparelho já está velho, com 80 anos a fazer, mas começou antes dos dezoito. Posso dizer que o ajudei a se casar, para que não estivesse a dar cabeçadas, para que fosse um médium aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu pudesse implantar a nossa umbanda. A maior parte dos que trabalham na umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que saíram desta casa.
Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humildade de uma manjedoura, não foi por acaso; assim o Pai determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher naquela que poderia ser sua mãe um espírito excelso, amoroso e abnegado. Que o nascimento de Jesus e a humildade que Ele demonstrou na Terra sirvam de exemplo a todos, iluminando os vossos espíritos, extraindo a maldade dos pensamentos ou das práticas. Que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz reine em vossos corações e nos vossos lares. Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julguei para não serdes julgado; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar. É dos Evangelhos. Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou a Terra, porém amigo de todos, numa comunhão perfeita com companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles observem a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos curados, e a saúde em para sempre em vossa matéria. Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas.”

Texto extraído do livro “Umbanda Pé no Chão – Um guia de estudos orientados pelo espírito Ramatís"
Autor: Norberto Peixoto

sábado, 17 de janeiro de 2009

Anjos e Demônios


"...a marioria das pessoas imaginava que os cultos satânicos fossem rituais de adoração do demônio e, no entanto, os satanistas eram historicamente homens instruídos que assumiam sua posição de adversários da Igreja. Shaitan (*Shaitan é um termo islâmico que significa "adversário" - adversário de Deus. Shaitan é a origem da palavra "Satã"). Os rumores sobre sacrifícios satânicos de animais, magia negra e rituais do pentagrama não passavam de mentiras disseminadas pela Igreja como parte de uma campanha de difamação contra seus inimigos. Ao longo do tempo, outros adversários da Igreja, querendo imitar os Illuminati, começaram a acreditar nessas mentiras e praticar os supostos rituais."


Texto extrído do livro "Anjos e Demônios"

Autor: Dan Brown
Colaboração: Patricia Sabadin

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Evangelho de Jesus


“A umbanda vivencia o Evangelho de Jesus em sua essência através da manifestação do amor e da caridade prestada pela orientação dos guias e protetores que recebem a irradiação dos orixás. Encontramos no terreiro da verdadeira umbanda entidades que trabalham com humildade, de forma serena, caritativa e gratuita; espíritos bondosos que não fazem distinção de raça, cor ou religião, e acolhem todos que buscam amparo e auxílio espiritual, conforto para dores, aflições e desequilíbrios das mais variadas ordens.
A umbanda convida o homem a se transformar. Assim sendo, o consulente recebe esclarecimento sobre sua real condição de espírito imortal, ou seja, é levado a entender que é o único responsável pelas próprias escolhas, e que deve procurar progredir na escala evolutiva da vida, superando a si mesmo. Mas para transformar-se é preciso estar pronto para compreender as energias que serão manipuladas, porque elas trabalham com o ritmo interno. Ouvir a intuição é, portanto, ouvir a si próprio; é saber utilizar os recursos necessários que estão disponíveis para efetuar a mudança do estado de consciência.
Por isso, transformar significa reverter o apego em desapego, as faltas em fartura, a ingratidão e o ressentimento em perdão. É não revidar o mal, mas sempre praticar o bem. Dar sem esperar reconhecimento ou gratidão. A beleza da vida está justamente na “individualidade”, no ser único, criado por Deus para amar. E este ser único está ligado à coletividade pelos laços do coração e da evolução, a fim de aprender a compartilhar, respeitar, educar e ser feliz.
Somos o somatório dos nossos atos de ontem: por ter cometido inúmeros excessos, estamos conhecendo a escassez, ou melhor, sempre atuamos à margem, não conseguindo nos equilibrar no caminho reto, pois o processo de evolução é lento, não dá saltos, respeita o livre arbítrio, o grau de consciência e o merecimento de cada um.
A umbanda pratica o Jesus consolador, e, silenciosamente, vai evangelizando pelo Brasil afora, levando Suas máximas: “A água mais límpida é a que corre no centro do rio, pois as margens sempre contêm impurezas”. “Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o amanhã cuidará de si mesmo”, pois Ele nos envia o Seu amor incondicional, que não impõe condições, porque não julga, não cobra, apenas Se doa e espera pelo nosso despertar para as verdades espirituais, para o homem de bem que existe dentro de cada um de nós.
Quando Jesus se aproximou de João Batista, que, com os joelhos encobertos pela água do Rio Jordão, mais uma vez falava do Messias, ao olharem-se um ao outro, uma força poderosa instalou-se sobre todos os circunstantes. Jesus então aproximou-Se de João Batista, e este ajoelhou-se aos pés do cordeiro de Cristo. Mansamente Ele o levantou e agachou-Se sinalizando para que João O batizasse. Nesse instante único, vibraram intensamente sobre Jesus, no centro do seu chacra coronário, o Cristo Cósmico e todos os orixás. Foi preciso que o Messias fosse “iniciado” por um mestre do amor na Terra, para que se completasse Sua união com o Pai, e ambos fossem um. Esse é um dos quadros históricos mais expressivos e simbólicos que avalizam os amacis na umbanda.”


Texto extraído do livro “Umbanda Pé no Chão – Um guia de estudos orientados pelo espírito Ramatís
Autor: Norberto Peixoto

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

DEUS


“O Ente Supremo ao qual tributamos o mais elevado respeito e do qual temos algum conhecimento é, para nós, uma consciência dinâmica, que engloba em si mesmo a força propulsora da evolução universal e a dinâmica geradora e mantenedora da vida. Para os capelinos de nossa época, essa consciência dinâmica não poderá jamais ser comparada ou representada por formas humanas, pois o seu impulso diretor é observado em toda a criação, que atesta a existência de uma Vontade, orientada por objetivos bem definidos. Enquanto Deus, em suas religiões, é comparado somente ao bem, para nós capelinos, bem e mal são faces da mesma moeda. A trajetória terrena preferiu inventar a figura de um demônio para justificar as sombras, o mal aparente, o contraste. Para nós, entretanto, existe somente uma realidade, e esta se manifesta de acordo com a capacidade de percepção da criatura.
Deus, para nós, não pode ser unilateral, e a compreensão de sua consciência, com o intuito de ser universal , há de ser mais abrangente. Assim como o preto é o oposto do branco, e as sombras, o oposto da luz, há que existir muito mais por trás da vida do que simplesmente o bem e o mal, tal como vocês na Terra concebem, Portanto, ser perfeito não é questão de ser bom ou mau, equilibrado ou desequilibrado, mas conviver em paz com essa diversidade; é compreender a harmonia da criação, a harmonia dos opostos, respeitando a função dos contrários. A vida só progride com a percepção dos conflitos, do antagônico. O nosso conceito de Deus está intimamente ligado ao porquê de nossa existência. Desse modo, para nós, capelinos, é impossível conceber a luz sem o contraste da sombra, sem compreender que existe a noite. Não há como apreciar a manhã sem saber que existe a tarde. Sem as diversas alternativas do ser e do existir, sem o fator divergente, ainda não há como conhecer a vida e sua fonte geradora.
Conceber e compreender a vida, a nossa existência, é algo que está além da razão, do raciocínio. A existência do universo, dos seres criados, da própria criação está muito além da capacidade de compreensão humana, do raciocínio dos seres criados. Tudo isso foge, transcende a imaginação humana. O poder da consciência do Ente Supremo existe para conceber, planejar, coordenar e mediar as transformações, que se tornam acessíveis apenas mediante o processo evolutivo, ao longo das eras. O Deus que descobrimos dentro e fora de nós está além do bem e do mal, do certo e do errado, e, ao mesmo tempo, é a causa geradora de tudo, inclusive daquilo que impropriamente se classifica como certo ou errado. No processo de evolução do universo, ser bom ou mau é questão de estar inserido num processo evolutivo em determinado tempo e lugar. Em algum planeta, num recanto obscuro do universo, algo pode ser considerado bom, enquanto, em outro local, a mesma coisa poderá ser considerada má, de acordo com a conjuntura e os conceitos de cada povo ou civilização. Isso acontece mesmo entre as diferentes culturas da Terra.
Para compreender a vida, nossa origem e o próprio ser que denominamos de Deus, de consciência do Ente Supremo, precisamos entrar em contato com a natureza, penetrando-lhe e compreendendo-lhe a intimidade. Viver é compartilhar, sentir-se útil no projeto da criação e responsável direto pelo processo evolutivo. Viver também é colocar-se na posição de pesquisador da vida, de aprendiz do mundo, descobrindo todos os segredos do existir. Enfim, é achar em si mesmo o recanto onde se esconde essa consciência divina, esse fôlego do Todo-Sábio. Integrar-se ao universo é vocação de todo ser vivo, de toda alma ou consciência criada.....”


Texto extraído do livro “Crepúsculo dos Deuses” de Robson Pinheiro – Ângelo Inácio.

História da Encarnação do Caboclo das Sete Encruzilhadas no Brasil


Esta história chegou até nós, da T.E.F.L., há muitos anos através de uma entidade – um caboclo de Oxossi – enviado do Caboclo das Sete Encruzilhadas, cujo médium não temos informação se ainda está encarnado.
Inicialmente, uma rápida explicação quanto à confusão que alguns irmãos fazem, porque o Caboclo das Sete Encruzilhadas e o Exu Rei das Sete Encruzilhadas, são entidades que possuem nomes semelhantes (são quase homônimos), porém trata-se de espíritos distintos, cada um deles trabalhando espiritualmente em seu nível vibratório. Ambos prestam grandes serviços para a melhoria e desenvolvimento dos espíritos encarnados. Ambos estão em constante evolução, mas não existe qualquer relação de dependência entre eles.
Ao que se tem informação, é que o Caboclo das Sete Encruzilhadas, é um espírito muito antigo, já encarnado ao tempo da vinda do MESTRE JESUS à Terra e que na roda das suas encarnações, jamais apareceu no nível em que trabalham os nossos “compadres” Exus, como alguns, face a semelhança de alguns nomes, tentam explicar.
Ao tempo do Brasil colônia, mais precisamente no Estado do Rio de Janeiro, em uma localidade às margens do Rio Paraíba do Sul, chamada hoje de Barra do Piraí, precisamente neste local, o rio atingia uma grande largura e o seu leito tomava um aspecto sinuoso, ali existia uma fazenda de diversas culturas, entre as quais e em maior escala, a do café e da cana-de-açúcar. Tal propriedade, era administrada por uma família portuguesa, que ao contrário de outras existentes nas proximidades, ali não era exigido o braço escravo. Os negros que lá trabalhavam, recebiam além da casa e alimentação, uma remuneração em moeda, por isso era a propriedade mais próspera do local, isto graças à forma de administração adotada por seus proprietários. Próximo dali, vivia uma tribo de índios da Nação Tupi Guarany, com os quais os fazendeiros mantinham um excelente relacionamento.
O chefe da tribo, era moço e possuía uma razoável cultura, pois fora alfabetizado na capital, apaixonou-se por uma das filhas do fazendeiro, que correspondeu ao seu afeto vindo a casar-se com ele, contrariando os costumes de ambas as comunidades. Após a união, ela engravidou, tendo que viajar à capital do Rio de Janeiro, para tratamento médico, demorou-se algum tempo e ao regressar recebeu uma horrível notícia: que um grupo de índios estranhos na localidade, de surpresa, tentou invadir a fazenda para saqueá-la, os fazendeiros pediram socorro e os guerreiros Tupi Guarany, vieram, mas não puderam impedir que os pais da moça e seus irmãos fossem mortos. Na batalha, o chefe Tupi Guarany, seu marido, ficou gravemente ferido, vindo também a falecer em conseqüência.
Ao todo, sete pessoas foram assassinadas pela tribo invasora. E todos foram sepultados, em uma ilha situada no Rio Paraíba do Sul, dentro da fazenda. E a moça grávida, única remanescente da família de fazendeiros, ia todas as tardes rezar na ilha, junto à sete cruzes que demarcavam os locais onde seus pais, irmãos e esposo foram sepultados. Porém, em uma dessas tardes, em que rezava junto ao túmulo do esposo, sentiu-se em trabalho de parto e ali mesmo deu à luz a um menino, seu filho com o chefe Tupi Guarani, cujo corpo estava naquele local sepultado.
O menino cresceu cercado do imenso carinho de sua mãe e recebeu ensinamento proveniente de duas culturas: a cristã adotada por sua mãe e a outra orientada pelo pajé da tribo de seu pai. Estudou na Capital do Estado e posteriormente na Corte, recebendo instrução superior de Direito. Como advogado teve intensa atividade profissional em defesa de escravos nos Tribunais do Rio de Janeiro, que eram acusados de crimes pelos senhores escravagistas. Na qualidade de chefe de sua comunidade indígena, disfarçadamente, invadia as fazendas de regime escravo, libertando os cativos e colocando-os em local seguro. Na verdade ninguém conseguia identificar o chefe que comandava o grupo indígena libertador de escravos, ora ele se apresentava com o aspecto físico de indivíduo alto, ora baixo, as vezes gordo e outras vezes magro, cada ataque era comandado por uma pessoa diferente e assim ele conseguia se manter no anonimato, conseqüente a dupla personalidade. O seu verdadeiro nome era CABOCLO DAS SETE CRUZES ILHADAS, por ter nascido no local onde existiam sete cruzes em uma ilha, porém o povo por corruptela o chamava de CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS, nome que ele adotou humildemente, até mesmo em sua vida espiritual. Tal nome ficou fixado pelo povo escravo, que o adorava, e quando o grupo surgia na estrada eles cantavam uma toada que tinha a seguinte letra:

Lá vem, lá vem, bem longe na estrada
Lá vem, lá vem, o Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Após ter desencarnado voltou através da mediunidade de Zélio Fernandino de Moraes, em novembro de 1908, como espírito mensageiro, colocando as bases da UMBANDA no Rio de Janeiro.


Henrique Landi (neto) da Tenda Espírita Fraternidade da Luz


Texto extraído do livro "Umbanda Brasileira – Um século de História"
Autor: Diamantino Fernandes Trindade (Hanamatan)