sábado, 23 de maio de 2009

Ponto Cantado


















Os povos em suas liturgias religiosas, desde os tempos imemoriais, invocam suas divindades, não só pelo vocábulo, como também, pela palavra cantada, através de hinos, ladainhas, mantras, cânticos, salmos e pontos cantados.
É por intermédio do PONTO CANTADO, que o Umbandista com­plementa a invocação de determinados Guias das Linhas de Umbanda, os quais certamente cumprem o chamamento em obediência ao ponto.
Ele é o lenitivo que nos desliga por momentos das atribuições cotidianas, acercando-nos dos Guias e Protetores.
Assim sendo, podemos afirmar que os PONTOS CANTADOS, movimentam poderosas forças, pela magia do som, harmonioso e invocativo, que de certa forma condiciona o médium a promover os fenômenos mediúnicos.
Temos constatado que determinados pontos coordenados com fra­ses religiosas na sua extraordinária inflexão e expressão empolgante, despertam sentimentos místicos e psíquicos, naqueles que procuram comunicação com o astral, fazendo-os entrar num campo vibratório peculiar.
Procura-se através dos PONTOS CANTADOS, obter-se harmonia para a aproximação dos Guias Espirituais, manter concentrados os componentes do terreiro, integrando-os num ambiente de misticismo puro.
Em um terreiro de Umbanda é de muita valia e necessário se faz a presença de um elemento homem ou mulher para auxiliar a cantar e dar início aos pontos, devendo o mesmo estar perfeitamente ambientado e ser conhecedor do ritual, concorrendo para o ritmo e cadência dos cânticos. Denominado SAMBA, cuja palavra provêm de um dos verbos da língua Quimbundo: KÚSAM­BA ou KUSÁMBA, que quer dizer, orar, rogar, saltitar, rejubilar, a ele está afeto a incumbência dos PONTOS CANTADOS, quando solicitados pelo Ogam, pelo Guia em trabalho ou ainda quando houver necessidade para tal fim.
Inúmeras são as finalidades dos PONTOS CANTADOS nos terreiros de Umbanda. Servem entre outras, para DEFUMAÇÃO, PEDIDO DE FORÇAS, para SUBIDA ou DESCIDA DOS GUIAS, HOMENAGENS, PEDIDOS DE GRA­ÇA, AGRADECIMENTOS, etc.
Devemos considerar ainda, que todo espírito tem seu PONTO CAN­TADO individual e de linha, pelo qual é invocado, individualizado e que por intermédio dos mesmos, possamos ter a garantia de uma comunicação precisa, reconhecendo no espírito manifestante, a sua classificação na linha de origem e seu grau evolutivo, causando uma diferenciação distinta entre os espíritos, mormente de um Caboclo para um Preto Velho.


Texto extraído do livro: Eu e a Umbanda
Autor: Edmundo Rodrigues Ferro